A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO CONFESSIONAL SOB A PERSPECTIVA RELIGIOSA

          Deus requer fé e obediência, duas consequências de sermos amados por ele em Cristo. Só é possível obedecer a Deus se o nosso coração for transformado por meio da fé. Ela é um presente de Deus. O autor aos Hebreus relaciona esses dois atributos ao dizer que “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6), referindo-se ao modo como apenas os que têm fé podem alcançar a verdadeira obediência. Fé para crer e para obedecer, essa é a relação proposta pelas Escrituras. Nossa confissão teológica precisa estar alinhada e ser coerente com a nossa vida diária. Nosso testemunho precisa ser visível às pessoas. Elas precisam constatar que o que afirmamos aos domingos é o que vivemos de segunda a sábado. O culto dominical não é algo à parte, mas o resultado da vida ao longo da semana. Infelizmente, porém, nem sempre é assim. Muitos cristãos afirmam certas verdades bíblicas, mas ficam longe delas no dia a dia[1].

        Os 6.4. Deus colocou o dedo na ferida e trouxe a lume a real condição espiritual de Israel: “Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque o vosso amor é como a nuvem da manhã, e como o orvalho da madrugada, que cedo passa” (Os 6.4). A conversão deles era superficial. O arrependimento deles era falso. Seu amor por Deus era epidérmico, vacilante, instável e passageiro. Não havia sinceridade em conhecer ao Senhor nem constância em amá-lo. Os 6.4 Porque o vosso amor é como a nuvem da manhã... o orvalho da madrugada. Continuando a usar imagens extraídas da natureza, Deus lamenta a qualidade temporária e transitória do amor da aliança revelado por Israel e Judá, em contraste com a sua própria fidelidade (v.3). Os 6.5. luz. Como a luz do sol, que se ergue no horizonte para espantar as trevas, a justiça de Deus constante e inevitavelmente se espalha (cf. Sl 37.6), desmascarando os pecados daqueles que quebraram a aliança[2].

     “A importância da educação confessional”: Por que a sociedade pode ser beneficiada com a educação confessional?

Porque ela se expressa na compreensão da natureza fundamentalmente religiosa da educação – v.4. Essa compreensão pode, por um lado, ajudá-la a lidar com uma crítica comumente sofrida pelo engajamento no projeto de educação cristã escolar – a de tentar unir duas coisas que deveriam permanecer separadas: educação e religião. Por outro, estimulá-la, tanto a este engajamento quanto a uma vivência religiosa que impacte a sua atividade pedagógica. Esta última é minha expectativa maior. Se, de alguma forma, este webnário ajudar pessoas a amarem a Deus, eu me darei por satisfeito![3] Vejam as perguntas do profeta à nação de Israel:

      “Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque o vosso amor é como a nuvem da manhã, e como o orvalho da madrugada, que cedo passa”. Deus não se impressiona com palavras bonitas, ele vê o coração (Os 6.4) [4]. Israel se propôs a voltar-se para Deus (Os 6.1). O povo reconheceu que Deus era o autor tanto da disciplina como da restauração (Os 6.1b). O povo prometeu viver na presença de Deus (Os 6.2) [5]. O povo proclamou o seu propósito de conhecer a Deus e prosseguir nesse conhecimento, certo de que Deus viria sobre eles, trazendo-lhes restauração. As palavras eram bonitas. Concordo com Warren Wiersbe quando diz acertadamente que Deus não quer que o nosso relacionamento com ele seja constituído de palavras bonitas e de rituais vazios, de corações que se enchem de entusiasmo num dia e no dia seguinte estão frios. Um ritual superficial jamais pode substituir o amor sincero e a obediência fiel (1Sm 15.22,23; Am 5.21-24; Mq 6.6-8; Mt 9.13; 12.7)[6]. Asafe retrata essa realidade no texto do Salmo 78.34-37[7].

Porque ela pode superar a crítica de tentar forçar a união de duas coisas que deveriam permanecer separadas: educação e religião – v. 5. Dois fatores relacionados a essa crítica precisam ser avaliados. O primeiro é que, não poucas vezes, ela é feita por cristãos, que deveriam estar conscientes de que a educação é, por natureza, um empreendimento religioso. O segundo fator é que essa crítica costuma colocar dúvidas na mente de muitas pessoas e desestimular algumas das que estão engajadas no projeto. Os educadores não cristãos costumam se ver como pessoas que exercem a atividade pedagógica de modo neutro. Não há neutralidade na educação[8]. Perceba como o profeta denuncia a nação de Israel:

     “Por isso os abati por meio dos profetas; pela palavra da minha boca os matei...”. A palavra de Deus é espada de dois gumes. Ela anuncia graça e juízo; aos que se arrependem, proclama misericórdia; aos impenitentes, trombeteia o juízo[9]. A palavra de Deus é martelo que esmiúça a penha (Jr 23.29). Os corações duros serão quebrados repentinamente sem que haja cura. A palavra de Deus é fogo. Ela purifica o ouro, mas queima as escórias. Diante da pregação da palavra, os homens jamais poderão ser neutros: serão melhores ou piores[10]. Ao ouvir ou ler a palavra de Deus você está sendo confrontado (Os 6.5). A palavra de Deus sempre exige uma resposta. Você é escravo da sua liberdade. Você não pode deixar de tomar uma decisão. Quem não se decide por Cristo decide-se contra ele. Quem com ele não ajunta espalha. Até a indecisão é uma decisão, a decisão de não se decidir, e aqueles que não se decidem por Cristo decidem-se contra ele. Deus envia agora sua palavra para você ser salvo por intermédio dela, mas se você a recusar, você será condenado por ela. Aquilo que poderia ser vida para você torna-se morte![11].

Porque ela pode nos inspirar na abordagem do conteúdo e nas relações interpessoais no ambiente escolar – v.5b. Grande parte dos educadores acredita na existência de uma abordagem neutra. Outra parte rejeita essa possibilidade, mas nem por isso concorda que toda abordagem seja religiosa. Em termos de direção religiosa podemos distinguir duas formas de abordagem de conteúdo: abordagem imanente e abordagem transcendente. Quanto as relações interpessoais no ambiente escolar, sabemos que a religião impacta também os nossos relacionamentos. Há uma relação muito direta entre quem adoramos e o modo como nos relacionamos com as outras pessoas[12]. Por isso a nação de Israel teria que enfrentar o juízo divino:

     “[...] e os meus juízos sairão como a luz”. Como a luz do sol, que se ergue no horizonte para espantar as trevas, a justiça de Deus constante e inevitavelmente se espalha (cf. Sl 37.6), desmascarando os pecados daqueles que quebraram a aliança. Israel desprezou a misericórdia e agora enfrentará os juízos de Deus. Porque desprezaram a bondade de Deus, terão de enfrentar a sua severidade. O homem pode rejeitar a misericórdia, mas jamais pode se livrar do juízo. Quando o juízo de Deus veio à luz, Israel foi levado para o cativeiro[13]. Porque desprezaram a graça, receberam o azorrague da justiça[14]. A igreja evangélica brasileira tem deixado de fazer essa advertência. As pessoas lotam os templos não porque têm sede de Deus, mas porque têm fome do pão que perece. Elas não querem Deus, querem apenas as benesses de Deus[15].

    Destacamos a importância da educação confessional. Há sempre pessoas que sabem citar grandes doutrinas teológicas sem o entendimento da sua significação, ou sem a vontade de viver de acordo com a própria confissão[16]. Esse é um grande perigo. Esse é um sinal de alerta acerca do amor inconstante, que se reflete na educação confessional.

     “O amor inconstante revela falta de conhecimento confessional”:

    Professor, como você demonstra seu amor para com Deus? Liste alguns pontos que têm sido mais difíceis de revelar amor sincero e trace metas para corrigir isso. Converse com pessoas que podem ajudá-lo a ser mais fiel e mais quebrantado nos detalhes de sua vida.

Por Reverendo Geomário Carneiro - Secretário Executivo da Anep - Associação Nacional de Escolas Presbiterianas

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[1] Revista Nossa Fé, pp.16-19.

[2] Bíblia de Estudo de Genebra, p. 1012.

[3] FONTES, Filipe Costa, “Você Educa de Acordo com o que Adora: Educação tem tudo a ver com religião”, 2017, p. 11.

[4] LOPES, Hernandes Dias. Oséias – o amor de Deus em ação. 2010: p. 120.

[5] LOPES, Hernandes Dias. Oséias – o amor de Deus em ação. 2010: p. 121.

[6] WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo. Vol. 4. 2006: p. 400.

[7] LOPES, Hernandes Dias. Oséias – o amor de Deus em ação. 2010: p. 121.

[8] FONTES, Filipe Costa, “Você Educa de Acordo com o que Adora: Educação tem tudo a ver com religião”, 2017, p. 14.

[9] LOPES, Hernandes Dias. Oséias – o amor de Deus em ação. 2010: p. 121.

[10] LOPES, Hernandes Dias. Oséias – o amor de Deus em ação. 2010: p. 122.

[11] LOPES, Hernandes Dias. Oséias – o amor de Deus em ação. 2010: p. 122.

[12] FONTES, Filipe Costa, “Você Educa de Acordo com o que Adora: Educação tem tudo a ver com religião”, 2017, p. 40.

[13] LOPES, Hernandes Dias. Oséias – o amor de Deus em ação. 2010: p. 122.

[14] LOPES, Hernandes Dias. Oséias – o amor de Deus em ação. 2010: p. 122.

[15] LOPES, Hernandes Dias. Oséias – o amor de Deus em ação. 2010: p. 119

[16] COELHO FILHO, Isaltino Gomes. Os profetas menores (I). 2004: p. 41,42.