Autoridade, autoritarismo e altruísmo
“Ao concluir Jesus este discurso, as multidões se maravilhavam da sua doutrina; porque as ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas.” (Mateus 7:28-29)
Quando concluiu o chamado Sermão da Montanha, Jesus gerou uma reação nas multidões: elas se maravilhavam diante de sua doutrina. Se fosse nos nossos dias, provavelmente Ele seria aplaudido em pé por muito tempo. É interessante observarmos que esse impacto, naqueles que o ouviram, teve como referência um importante fundamento: Sua autoridade. A palavra para autoridade, nesse texto, transliterada no grego, é exousia. Significa poder para agir; autoridade moral; influência.
Ao contrário do resultado gerado pelo discurso de Jesus, vemos nos dias de hoje uma reação predominantemente negativa ao exercício da autoridade nas mais diversas esferas da vida social. A começar pelas famílias, em que a autoridade dos pais tem sido questionada pelos filhos, pela escola, por organizações sociais, entre outras. Na esfera educacional, esses questionamentos se dirigem à autoridade de professores e gestores. Nesse processo, há o amparo advindo de interpretações, marcadas por vieses, de referências legais como o famoso ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente.
Ampliando o escopo, esse processo engloba a sociedade como um todo e suas diversas formas de organização, incluindo as instâncias governamentais. Esse contexto nos leva a indagar as prováveis causas para esse fenômeno. Sabemos que se trata de uma análise complexa. Todavia, dadas as limitações de espaço nesse texto, podemos dizer que um dos prováveis porquês relaciona-se ao exercício deturpado da autoridade: o autoritarismo. Esse, caracterizado pela coerção, pelo uso de força e desrespeito, é exatamente o oposto de exousia. Certamente por isso, as reações a ele são extremamente negativas, gerando tensão nas mais diversas esferas da nossa organização social. Por ser marcado pela falta de empatia, o autoritarismo não agrega as pessoas, mas as submete.
Retornando ao Sermão da Montanha, particularmente às chamadas bem-aventuranças, vemos que a perspectiva de Jesus quanto ao exercício da autoridade está muito bem delineada na obediência a Deus e no relacionamento respeitoso e empático para com o outro, sob os princípios de “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” (Marcos 12.33)
Assim, diante de nós, temos um grande desafio nesses dias turbulentos: resgatar o exercício da autoridade a partir dos princípios apresentados por Jesus. Sob a ação Dele em nossas vidas, aquilo que, humanamente poderia ser considerado impossível, pode se tornar realidade, fazendo com que, na prática, possamos verdadeiramente ser “sal da terra” e “luz do mundo” (Mateus 5.13-14).
Alysson Massote Carvalho
Presidente da ANEP