Colégio Presbiteriano Quinze de Novembro completa 120 anos

Entrevista com o diretor Eudes Oliveira.

O município de Garanhuns, situado no agreste do estado de Pernambuco, a 230 quilômetros de Recife, abriga uma escola presbiteriana com 120 anos de história. O Colégio Presbiteriano XV de Novembro - carinhosamente chamado de Quinze - tem como diretor geral o reverendo Eudes Oliveira. Pedagogo, administrador e teólogo, com especialização em Planejamento Estratégico e Gestão de Pessoas, o prof. Eudes vem exercendo a função de diretor de escola desde 1990 e, desde 2007, está como diretor do Quinze. Atualmente, o colégio possui 1.240 alunos, da educação infantil ao ensino médio e, em breve, terá também curso superior, com os cursos de Administração e Ciência Contábeis. Conheça um pouco mais da história de vida desta instituição, a partir da entrevista a seguir:

ANEP - O Colégio XV está completando 120 anos neste ano de 2020. Quais elementos o sr. destacaria como essenciais para uma escola chegar tão longe?

Prof. Eudes - Um novo capítulo na educação começou a ser contado com a chegada dos missionários protestantes, em meados do século XIX, que tinham como objetivo principal evangelizar e educar. À medida em que esses missionários implantavam as suas igrejas, criavam também escolas, colégios e, em alguns casos, hospitais. A educação, no modelo protestante, proporcionou mudanças significativas na sociedade brasileira. Assim, destacamos como elemento importante o compromisso com a visão inicial dos idealizadores, bem como o propósito de fazer tudo para a Glória de Deus e o louvor do Senhor. Tal progresso deveu-se, em grande parte, à atuação de um dos mais competentes, abnegados e queridos diretores.

ANEP - Quais os principais desafios enfrentados durante este tempo de pandemia e como a escola vem usando a comunicação neste momento para relacionar-se com pais, professores e alunos?

Prof. Eudes - Sendo um colégio confessional cristão, o Colégio Presbiteriano Quinze de Novembro, com o trabalho de seu diretor e demais colaboradores, tem administrado essa crise de forma a impedir que o Quinze sofra também as consequências desastrosas que solapam toda sociedade. O momento impôs a necessidade de lidar com os processos que envolvem o ensino e a aprendizagem de maneira distinta da habitual, havendo a necessidade de orientação a distância. Por essa razão, a equipe desenvolveu estratégias de trabalho para que os estudantes pudessem progredir nos conteúdos, nos objetivos traçados e estas foram transformadas em roteiro de atividades para os alunos. As atividades foram pensadas em dois movimentos: o primeiro, para aproximação e apropriação do conteúdo; o segundo, para fixação e desenvolvimento de objetivos e habilidades. Por isso, o roteiro precisava ser seguido integralmente e sem alterações na ordem proposta. Tudo trabalhado com uma equipe que potencializou as formas de trabalho e a ampliação do uso de ferramentas de interação entre professores e alunos, conforme apropriado às faixas etárias destes.

ANEP - Quais novas práticas foram agregadas neste momento e consideradas boas para o momento após a reabertura das escolas?

Prof. Eudes - Vou mencionar três, inicialmente:

- Antecipação de férias - No mês de abril, obedecendo o decreto negociado entre as escolas particulares e os professores, lançamos a antecipação das férias. Nesse período, o Colégio funcionou com os serviços essenciais – diretoria, secretaria e tesouraria. O setor administrativo do Colégio trabalhou em regime de plantão, das 8h às 12h.

- Nova formatação - No dia 3 de maio, todas as atividades voltaram com novo formato para atender a demanda, face à nova realidade que essa pandemia trouxe. As aulas não foram mais gravadas. Os professores passaram a dar aulas ao vivo, com duração de uma hora e intervalos entre as aulas, por um período de 15 dias. Após esse tempo, foi feita uma pesquisa, que possibilitou outra formatação: seguindo o mesmo horário da grade letiva do ano, todavia, com uma carga horária reduzida para 40 minutos e fazendo intervalos maiores entre uma aula e outra, além de um intervalo ainda maior durante o recreio. Esse formato foi usado até as aulas presenciais retornarem. Todas as avaliações foram realizadas e as reuniões com os pais de todas as séries foram feitas regularmente. Além disso, foram realizadas reuniões com os parceiros virtualmente. Tudo para cumprir as recomendações das autoridade sanitárias.

- Lives - Dezenas de lives foram realizadas durante todo o tempo de isolamento. Isso continua, mesmo após alguns passos que foram dados para a aberturas de algumas atividades, desenvolvida pela capelania com o objetivo de fortalecer a fé e a esperança de que Deus trará dias melhores para todos.

  

ANEP - Que nova escola teremos após a pandemia? O que veio para ficar?

Prof. Eudes - A proposta de ensino e de aprendizagem que o Colégio Presbiteriano Quinze de Novembro defende ampara-se na construção de estratégias didáticas multifacetadas, buscando diversas formas de intervenções pedagógicas, que levam em consideração os conhecimentos que o aluno traz para a sala de aula. Defendendo a ideia de que os indivíduos não chegam ao colégio como "tábulas rasas", e trazem por sua vez uma grande diversidade de informações, busca-se então, por meio da contextualização de conteúdos, ancorar os conhecimentos novos, apresentados na educação formal, aos conhecimentos já existentes na história de vida do nosso aluno. Acreditamos que não há um método ideal ou uma única metodologia que ampare todas as formas de ensinar e aprender, e que o processo de construção de conhecimentos é único em cada sujeito. Destacamos, assim, que todo processo de ensino-aprendizagem deve compreender o sujeito em sua totalidade sendo que, mente, corpo e afetividade são fatores integrantes e mecanismos intrinsecamente relacionados à capacidade de aprender.

ANEP - Do relacionamento com os pais de alunos, ao longo deste tempo de pandemia, o que o sr. destacaria? O que mudou e o que melhorou?

Prof. Eudes - O isolamento social trouxe inúmeros desafios para todas as famílias. Um deles foi a dificuldade em manter a rotina dos filhos. Isso inclui os afazeres domésticos, o acompanhamento das aulas online e ainda o monitoramento dos estudos. Todos dizem que sairemos melhores dessa pandemia. Contudo, para que isso aconteça, é necessário aprender a valorizar aquilo que temos e a termos sabedoria em relação a tudo que se passa. Boas sementes trarão grandes colheitas. Que Deus nos abençoe, cuide de nós, e esteja protegendo a sua família aí em sua casa. Permaneça em casa. Nela você está seguro. Deus está no controle de todas as coisas.

ANEP - Como fazer o planejamento pedagógico 2021 neste novo normal?

Prof. Eudes - Não é tão simples organizar e planejar 2021, em especial no campo financeiro, considerando a falta de diretrizes dos órgãos competentes, mas temos a certeza que o Deus está no controle de tudo e nos abençoará em nossa caminhada.

Quem quiser conhecer mais o Colégio XV pode acessar este link no Youtube.

Imagem: acervo do Colégio.