Estratégias para a educação básica enfrentar a Covid-19
por Francisco Javier Peralta
“A educação virtual parecia distante para muitos de nós. Perdemos o medo de ousar usar ferramentas tecnológicas e pedagógicas de forma virtual para dar início às aulas”.
O ensino fundamental foi pego de surpresa ao suspender as aulas presenciais devido à pandemia do COVID-19. Havia incerteza entre professores, famílias e sociedade sobre como dar continuidade à formação dos alunos. A educação virtual parecia um conceito distante para muitos, pois era oferecida principalmente em instituições de ensino superior - e não no ensino fundamental. Muitos migrantes digitais, professores, gerentes, supervisores e diretores de escolas tiveram que superar seus medos e ousar usar ferramentas pedagógicas virtuais para responder aos desafios da pandemia.
Como professor da terceira série em uma escola primária, decidi usar os aplicativos e as plataformas virtuais disponíveis para estabelecer comunicação e acompanhar os alunos em minha classe para oferecer-lhes uma aprendizagem significativa e relevante.
Ao usar um meio virtual, é especialmente importante respeitar a privacidade do aluno e a segurança da informação como uma prioridade. “Todo mundo cresce quando a curiosidade, a imaginação e a criatividade são promovidas como fatores de transformação do cidadão para enfrentar os desafios educacionais trazidos pela pandemia”.
Proposta metodológica para ministrar uma aula remota
• Procuro continuamente material de vídeo adequado para oferecer às crianças em seu nível educacional, o que as ajuda a desenvolver habilidades de pensamento crítico e as convida a refletir. Para falantes de espanhol, recomendo os vídeos da SEP (Secretaria de Educação Pública) no canal Aprende en Casa (Aprenda em Casa) no YouTube. No site, Once TV (Channel Eleven TV), você encontra vídeos educacionais de alta qualidade e pedidos, criados pelo Instituto Politécnico Nacional. Ingenio TV (Ingenuity TV) contém muitos recursos que podemos baixar e usar em sala de aula.
• Realizamos sessões na plataforma Zoom de segunda a sexta-feira por quarenta minutos, onde as crianças recebem o ID e a senha da reunião pelo WhatsApp. Os primeiros 10 minutos são para “quebrar o gelo”, porque as crianças gostam de conversar com os colegas e conversar uns com os outros, enquanto os outros alunos estão se conectando. Os próximos 10 minutos são para leitura de livros digitais, depois mais 10 minutos de atividades, 5 minutos de avaliação e 5 minutos para atribuir e explicar o dever de casa e dizer adeus. Foram mais de trinta sessões onde celebramos o Dia das Crianças e o Dia do Professor com festividades nas suas casas, a partir de onde os alunos tocavam e ouviam música.
• Utilizamos evidências fotográficas colocadas em pastas digitais do Google Drive para acompanhamento e avaliação de trabalhos de casa e projetos. No início, as crianças carregavam seus textos diariamente com a ajuda dos pais, mas muitas conseguiam fazer isso de forma autônoma.
Atividades mais populares na aula
Essas atividades fazem parte do currículo de 2011 elaborado pela Secretaria de Educação Pública do México (SEP).
Crie enigmas. Como prática social de linguagem descritiva, os alunos descreveram objetos domésticos com no máximo cinco características. Em seguida, os colegas tentaram identificar o item que o aluno estava contando.
Números perdidos. É uma atividade relacionada à adição e multiplicação. Cada aluno completou o número que faltava em uma série e colocou a resposta possível em uma caixa ou quadro de casa. A professora pediu aos outros colegas que confirmassem. Se a resposta estava incorreta, todos nós a corrigimos.
Magnetismo. Com o uso de um ímã, os alunos tocaram e exploraram várias superfícies em suas casas e descobriram que ele permanecia preso a algumas. Eles registraram em um livro de ciências naturais quais superfícies o ímã atraiu e quais não. Durante a aula, as crianças relataram as superfícies que experimentaram, como mesa, copo, caderno, parafusos e chaves de fenda, fogões, geladeiras, entre outros.
Brinquedos reciclados. Com a ajuda dos pais, as crianças usaram materiais antigos de suas casas e construíram diversos itens como robô, avião, barcos, roupas para bonecas, móveis, entre outros. Eles os apresentaram em aula, explicando o procedimento que haviam seguido, os usos possíveis e os materiais utilizados.
Refeição em família. Como designação, as crianças ajudaram a preparar a comida para uma refeição em casa. Eles identificaram as características e a função das receitas e registraram em seus cadernos as receitas do jantar principal. Na aula virtual, os alunos relataram isso em turnos. Esta atividade está relacionada ao conteúdo do Bloco V que possui atividade de linguagem social para instruções de escrita.
Essas atividades lembram aos alunos a importância de ouvir, participar em turnos, fazer comentários para enriquecer a classe e tratar os colegas como gostariam de ser tratados.
Aprendizagem alcançada
É gratificante perceber o interesse dos alunos em participar das aulas. Quinze minutos antes de começar, as crianças já pediam a senha para entrar no curso. Algo que se mostrou muito produtivo foi que eles puderam criar uma sessão para a aula porque o Zoom é uma plataforma intuitiva e fácil de usar. No início, com a ajuda de familiares, aprenderam com erros causados por falhas de rede e logística. Essa experiência chamou a atenção para os fatores que influenciam nosso encontro virtualmente e os levou a aprender a empatia ao perceber as dificuldades tecnológicas que os outros estavam tendo. Disse a eles que isso fazia parte do aprendizado de todos, que era preciso respeitar e tolerar quem tinha mais dificuldade.
Dada a situação que vivemos com a pandemia, o mais valioso tem sido aprender junto com as crianças, envolvendo as famílias que podem oferecer alternativas de solução com base em suas experiências e formação acadêmica. Todos crescem quando a curiosidade, a imaginação e a criatividade são promovidas como fatores de transformação cidadã, resultando na capacidade de enfrentar os desafios atuais exigidos pela sociedade.
Reflexão
O desafio iminente é reduzir o tempo verbal, passivo e transmissivo da aula, onde o educador fala e as crianças só ouvem (Freire, 1969). Os alunos devem investigar seus ambientes e compartilhar seus trabalhos por meio de uma exposição ou vídeo. O objetivo é usar novos recursos para escrever textos, fazer experimentos e projetos científicos e resolver desafios matemáticos com o apoio e colaboração de seus familiares. A ideia é conscientizar sobre a importância da presença dos pais e familiares nas atividades dos filhos, aproveitando a variedade de softwares da Internet, tornando-a uma oportunidade de aprendizagem interativa.
O processo de transição para uma educação apoiado na implementação de ferramentas virtuais permite flexibilidade no desenvolvimento de cronogramas e conteúdos. Assim, ocorre uma ruptura de paradigmas e metodologias de ensino, onde o uso de aplicativos facilita a aprendizagem dos alunos.
Francisco Javier Peralta é professor de Ensino e Inovação Educacional. PhD em Pedagogia Crítica e Educação Popular do McLaren Institute of Critical Pedagogy, México. Imagem: poperotico on VisualHunt / CC BY-NC | Fonte: Observatório da Inovação Educacional
Referências
Freire, P. (1969). La educación como práctica de la libertad (Education as a practice of freedom) (fourth edition, 2007 ed.). (S. Araújo Olivera, Trad.) México: Siglo XXI.
SEP. (2011). Programa de Estudios de Educación Básica, Guía para el tercer grado, Educación primaria. México: CONALITEG.
Editing by Rubí Román ([email protected]) - Observatory of Educational Innovation.
Tradução de Ana Claudia Braun ([email protected]) - W4 CONSULTORIA